Esse blog é uma homenagem às minhas avós, às avós do meu filho e a todas as mulheres que tem a doce experiência de serem avós. Acredito que no âmbito familiar poucas coisas são tão saudáveis quanto o estar na casa da vovó, desfutar de sua companhia, de seus quitutes e fazer descobertas diárias sobre o mistério que envolve a distãncia entre as coisas do tempo da vovó e a nossa vida cotidiana, principalmente quando somos crianças.

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sexta-feira, 29 de julho de 2011

Quando eu era pequena


Quando eu era bem pequena e não tinha idade para frequentar a escola, meu maior sonho era completar a idade que permitiria a meus pais me matricularem numa escola. Eu era louca para frequentar as aulas e sempre ficava no portão de casa nos horários de entrada e saída das crianças do grupo escolar, só para vê-las passar uniformizadas, de pasta e merendeira.
Naquele tempo, a merendeira das meninas era cor de rosa e a dos meninos azul. Lembro-me até hoje da minha, tive uma só! O lanche que ia lá dentro variava muito pouco. Era pão com manteiga e Qsuco de morango, daquele que deixava a língua vermelha de tanto corante. Algumas vezes levava frutas e até pipocas. Na escola só havia merenda gratuita para quem comprovasse ser muito carente. Eles tinham uma ficha que era apresentada à cantineira. Como eram poucos, ela conhecia a todos e nem dava para tentar trocar com eles o lanche que levávamos de casa pelo servido na escola, porque para piorar a situação ela sempre os sentava enfileirados nos bancos da cantina e ficava de olho para eles não deixarem sobras no prato. Na verdade, nunca soube o gosto daquela merenda ...
Havia também a venda de guloseimas, mas eu não ganhava dinheiro para levar. Nesta me dei bem algumas vezes,  quando mamãe colocava na minha lancheira uma maçã bem vermelhinha e grande. Na inocência de criança, eu vendia a maçã a preço de um piriluto Zorro. Minha mãe nunca soube dessa minha burrice!
Mas eu gostava de estudar. Talvez por isso, certa vez quando passamos uma semana na casa de vovó e minhas primas mais velhas já frequentavam a escola, mamãe me autorizou a ir com elas e eu fiquei toda empolgada. Lembro-me que minha tia me deu um caderno e um lápis com borracha na ponta. Achei o máximo!!! Fiquei toda mitida e fui com as primas para a escola.
Como nunca havia entrado numa sala de aula, tratei logo de me fartar em conhecimentos, fazendo tudo que a professora me pedia com tanta rapidez que ela até duvidou de ser a minha aula. Era uma escola rural muito pequena, na verdade com apenas uma sala de aula, mas eu me senti realizada.
Um fato interessante que ocorreu nesse dia foi um touro chamado de Tango, muito bravo, ter corrido atrás da gente na volta para casa. O caminho era uma trilha no meio do pasto. Lembro-me bem do córrego com água bem limpinha que descia ao longo do caminho e adentrava pelo quintal da vovó. Era bem caudaloso e meus tios fizeram ramificações para levar água até a horta. Bem no meio do quintal havia uma minúscula queda d'água que formava um poço onde era lavada a roupa da casa e areadas com cinza e areia as panelas usadas no fogão à lenha. Êta tempo bom que não volta mais! Vovó se foi, o terreno foi vendido e transformado num moderno chacreamento ...