Esse blog é uma homenagem às minhas avós, às avós do meu filho e a todas as mulheres que tem a doce experiência de serem avós. Acredito que no âmbito familiar poucas coisas são tão saudáveis quanto o estar na casa da vovó, desfutar de sua companhia, de seus quitutes e fazer descobertas diárias sobre o mistério que envolve a distãncia entre as coisas do tempo da vovó e a nossa vida cotidiana, principalmente quando somos crianças.

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sábado, 7 de janeiro de 2012

A tropa de Tãozinho Dasdor

Hoje Vovó foi conversar na porteira da estrada com o Tãozim de Dasdor, assim conhecido por ter sido casado com uma mulher que se chamava Maria das Dores e que o povo daqui chamava de Dasdor.
Ele sempre fica esperando a tropa que vem da Fazenda Três Bicas. Todo sábado os burros cargueiros chegam trazendo queijos, doces, carnes e outras coisas que ainda são produzidas por lá.
Tãozim de Dasdor já foi tropeiro nos tempos em que as tropas andavam longe. Vendo a tropa passar ele mata a saudade e chega a chorar quando houve os sinos dos burros de carga.
Enquanto espera, fica contando histórias das viagens que fez. Casos de burros empacados, pontes caídas, donzelas para quem atirava flores, comidas, bebedeiras e até encontro com onças ...
Disse que eles se levantavam de madrugada e uns iam juntar a tropa, enquanto outros faziam o café e a comida. Conta também que nem sempre encontravam pousos e algumas pousadas cobravam caro. Muitas vezes pela falta de dinheiro tinham que dormir ao relento, exigindo sacrifícios de se revezarem para proteger a tropa de ladrões e onças. Para as onças a solução era uma fogueira bem alta!
A tropa de Tãozim hoje, é uma tropa de histórias, que ele guarda na memória e não se cansa de contar, enquanto pica o fumo de rolo com um canivete afiado e enrola um cigarro de palha do qual sopra uma fumaça malcheirosa que impregna-lhe a roupa e o chapéu.
Aos 82 anos de vida, dos quais 65 viajou pelo sertão guiando cargas, passa os dias tentando reviver um mundo que não conseguiu esquecer.