Esse blog é uma homenagem às minhas avós, às avós do meu filho e a todas as mulheres que tem a doce experiência de serem avós. Acredito que no âmbito familiar poucas coisas são tão saudáveis quanto o estar na casa da vovó, desfutar de sua companhia, de seus quitutes e fazer descobertas diárias sobre o mistério que envolve a distãncia entre as coisas do tempo da vovó e a nossa vida cotidiana, principalmente quando somos crianças.

Seguidores

terça-feira, 12 de abril de 2011

Quem quer subir no pé de tangerina?


es.gov.br

Renatinha gritava feito uma louca. Estávamos todos no quintal. Cada um na sua sombra preferida. Eu lia prazeirosamente José Lins do Rego, o seu  famoso Menino de engenho, que Alice de Tia Mariquinhas me emprestou até sábado.
Saímos todos correndo em direção ao pomar de tangerinas. É de lá que os gritos saiam. Será uma cobra? Um cachorro desconhecido? Um doido que invadiu o quintal?
De repente surge Renatinha, toda nervosa e com a mão esquerda respingando sangue. Nos aproximamos e confesso que cheguei a me arrepiar de pavor. Em sua mão havia cravado um espinho. Espinho de laranjeira? Não. Era de tangerina mesmo! Ah! Aquela gulosa tentou passar todo mundo pra trás e acabou se estrepando ...
Acontece que as primeiras tangerinas maduras surgiram num galho bem alto de um pé que fica  no fundo do pomar. Havíamos combinado de pegar a vara de bambu que Zefa usa para cutucar as frutas e enquanto um sacudiria o galho, os outros cuidariam de pegar as tangerinas sem deixá-las se esborrachar no chão.
Mas Renatinha, que deveria se chamar Magali, pois é tão gulosa quanto essa personagem infantil, resolveu pegá-las para chupar sozinha e se deu muito mal ...
Não me importo se ela está sofrendo dores, às vezes é necessário um bom susto para se aprender a não ser tão egoísta. Afinal, quem quer subir num pé de tangerina, há de saber que vai encontrar belos espinhos!

sábado, 2 de abril de 2011

Para quem chegar!



Vovó sabe que final de semana por aqui, vem visita na certa. Por isso, deixa sempre a cozinha abastecida de café, broa, bolos e muitos biscoitos. São tantos biscoitos! Ela tem o costume de guardá-los em latas, dentro de um saco branco bem limpinho. Eu gosto muito do biscoito de rapadura. Ele tem uma cor feia, mas é delicioso de se comer. Tem os de polvilho, de araruta, de fubá, de farinha de trigo e até de inhame.
Todos assados, que é para durar caso não venha gente para comê-los ...
Uma delícia também, são os biscoitos de polvilho fritos que Zefa faz para nós quando não está muito atarefada com os afazeres da casa. Quando chove, vovó faz um manjar chamado "bolinhos de chuva", bem recheado com queijo fresco e depois de fritos ela os passa numa mistura de açúcar refinado com canela. Huuumm! Esse é mesmo dos deuses!!!
Mas para quem chega, a mesa sempre farta é sinal da alegria que vovó sente ao ver todos que vem visitá-la. E  quem será que está chegando? Ouvi um grito lá fora:
- Ô de casa! Tô entrando ...