Como a porta do quarto dos segredos estava aberta, logo entrei um tanto quanto cabisbaixa porque vovó estava muito quieta, calada e abraçada a um disco de vinil muito antigo. Logo notei que só poderia ser uma recordação de vovô. Ela sempre fica assim quando se lembra dele.
Sentei-me do seu lado e fiquei em silêncio. Ela passou a mão nos meus cabelos e me deu um beijo carinhoso. Seus olhos estavam molhados. Cheios de lágrimas. Nem precisa perguntar o motivo.
Logo em seguida chegaram Felipe e Renatinha. Só de olharem para mim entenderam o que se passava ali. Zefa também olhou desconfiada lá do corredor, mas foi embora para não causar mais tristeza.
De repende vovó disse:
- É um disco muito antigo que encontrei aqui no baú. Há muito tempo estava procurando por ele e hoje o encontrei aqui bem no meio desses porta retratos. Foi o avô de vocês que me deu de presente quando ainda éramos jovens e apaixonados. Não sei se choro mais por ele ou pela bela voz de Dalva de Oliveira.
Nada falamos. Não sabemos quase nada sobre a cantora. Aquele disco muito antigo pareceu-nos estranho. Abraçamos vovó e saímos sem querer mexer no velho baú, que hoje estava bem aberto e revirado.
Minutos depois ouvimos o som daquelas músicas antigas saindo da velha vitrola.
2 comentários:
Anabela me senti na casa da minha avó, enquanto ela ouvia rádio. Como tudo mudou...as músicas...os recursos de voz...bjs.
Cara Ana,
A Tertúlia é formada por diversos autores que postam periodicamente no blog. De qualquer forma seu sítio já consta na nossa sessão 'blogs das gerais'. Seja muito bem-vinda!
Grande abraço nosso!
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