É costume aqui na região, que os membros da irmandade tirem esmolas para a festa do santo. Isso acontece nos dias que antecedem o grande dia festivo, durante a novena. Este mês o santo que reúne o maior número de devotos é São José. Operário, porque trabalhava de carpinteiro e então é rogado pelos trabalhadores; esposo de Maria e pai adotivo de Jesus, portanto, pai de família exemplar e venerado pelos esposos.
Aqui é mais conhecido como São José do Barreiro Velho. Conta os antigos, que morava lá Barreiro Velho um homem conhecido como Zeca do Pote, por ser ele um fazedor de potes de barro. Certa época, ele foi acometido de um mal nas pernas, devido aos movimentos constantes de amassar o barro com os pés para fazer suas artes. Pegou um tipo de bexiga que comia-lhe a pele de maneira assustadora.
As pessoas se afastaram dele por causa do mal cheiro nas bexigas, exceto o sacristão, enviado semanalmente pelo padre para ler passagens da Bíblia e entregar-lhe a comunhão.
Foi então que o tal sacristão, cansado de ter que fazer a penitência que lh incumbira o padre, sugeriu ao Zeca do Pote que fizesse uma promessa para o seu santo de devoção. Como não tinha confiança em nenhum santo em especial, o homem resolveu pedir ajuda ao que tinha o mesmo nome que o seu, José.
Batata! Foi rezar e conseguir o milagre. Ficou livre das bexigas e voltou ao trabalho. Uma vez recuperado tratou logo de cumprir a promessa que havia feito. Construiu uma capela em homenagem a São José. A história se espalhou e o povo começou a fazer romarias para lá.
O primeiro nome de devoção do santo foi São José do Barreiro, porque naquele tempo o arraial chamava-se apenas Barreiro, mas com a descoberta de um novo barreiro pelos fabricantes de objetos de barro, o povo foi logo chamando o lugar de Barreiro Novo e, o local onde está a capela de São José virou Barreiro Velho.
Então, como eu ia dizendo, hoje vieram tirar as esmolas de São José. Um grupo de mais ou menos umas trinta pessoas que carregando a imagem do santo e que certamente iria aumentar no percurso. Eles entram nas casas, rezam e recebem as doações dos proprietários. Pode ser dinheiro, prendas para leilão ou quitandas para as barraquinhas. As doações seguem na carroça e o povo a pé, debaixo do sol quente, levantando a poeira vermelha da estrada.
Vovó, como é muito generosa, dá um pouquinho de tudo. Dinheiro, galinhas, ovos, doces e desta vez até um leitão da porca Rosa. Um daqueles que os arrematadores vão disputar centavo por centavo...
Obs: O poema é de Zé Laurentino, poeta e cordelista paraibano. A narração é de Rolando Boldrin.