Esse blog é uma homenagem às minhas avós, às avós do meu filho e a todas as mulheres que tem a doce experiência de serem avós. Acredito que no âmbito familiar poucas coisas são tão saudáveis quanto o estar na casa da vovó, desfutar de sua companhia, de seus quitutes e fazer descobertas diárias sobre o mistério que envolve a distãncia entre as coisas do tempo da vovó e a nossa vida cotidiana, principalmente quando somos crianças.

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sábado, 22 de janeiro de 2011

Dona Mariquinha do Sô Jóvis




Ouvi o barulho da tramela do portão de entrada. Corri e olhei pela janela para ver quem chegava. De longe já avistei aquela saia de chita vermelha com estampas verdes e amarelas, ao lado do homem com seu terno azul celeste e a boina branca. Os dois de pés no chão. Ela ainda usava guarda-sol e luvas de renda.
Eram Sô Jóvis e dona Mariquinha que moram lá no Capão dos Ipês Roxo. Sô Jóvis foi muito amigo de vovô. Por isso, sempre vem visitar vovó e trás com ele a mulher. Eles são bem velhinhos, mas tem uma energia de fazer inveja ... Corri e avisei à Zefa que eles estavam entrando. Ela os convidou para assentar enquanto Renatinha e eu fomos procurar por vovó que estava passando a vista nos trabalhos de capina da horta.
- Dia, Sô Jóvis! Dona Mariquinha, como vai a comadre? Disse vovó ao chegar na sala.
Nós saímos de fininho e fomos para a varanda. Como vovó não gosta de criança na sala ouvindo conversa de gente grande, a gente fica nos arredores para não perder as novidades. Já me disseram que é coisa muito feia, mas eu não ligo, quero mesmo é saber de tudo tintin por tintin! Hoje não teve muito o que se ouvir, além de falarem pouco, os dois só reclamam falta de dinheiro.
Dona Mariquinha trouxe doce de pau de mamão e farinha de goma para a vovó. E como todos que aqui chegam, não foi embora de mãos vazias. Ganhou um dinheirinho para comprar sapatos. Sempre eles pedem dinheiro para comprar sapatos, mas não compram e dizem que guardam tudo debaixo do colchão. Na verdade, eles sempre andaram descalços. Se arrumam todos e saem por aí achando que estão elegantes com aquelas roupas coloridas e sem sapatos. Aqui na região todos já se acostumaram de vê-los daquele geito.  
Zefa serviu um café com biscoitos. Eles tomaram e depois foram embora dizendo que só não esperariam o almoço porque tinham passar na casa de mais dois compadres.

2 comentários:

msgteresa disse...

Oi,Anabela!
Menina...A gente conhece gente que parece até personagem de filme,né? E andando por essas estradas do Brasil afora,com certeza, a gente encontra pessoas simples e ternas como esse casal da estória da vovó!
Lembrei-me até de uma senhora quase cega,que visitamos aqui no interior do estado do Rio. Ela fazia questão de preparar um café pra todos que fossem à casa dela...Mas como ela pouquíssimo enxergava, o café era tão ruim que a gente não aguentava tomar e todo mundo jogava fora o conteúdo pela janela,bem rapidinho, enquanto ela ia até a cozinha pegar uns biscoitos... O pior é que ela queria encher a xícara de novo! (Rs...)Tadinha...A gente ficava com pena, mas acabava até achando engraçado o jeitinho dela dizer que o café dela era o melhor da vizinhança...(Rs...) Uma "personagem" também digna de lembrança!
Adoro as suas estórias!
Beijinho!
Teresa
("Se essa lua fosse minha")

Tina disse...

oI AMIGA
aDORO!!!
AS HISTÓRIAS SÃO VERÍDICAS OU FICCÇÃO?
SÃO TÃO GOSTOSAS!
BJS
TINA (MEU CANTINHO NA ROÇA)