Esse blog é uma homenagem às minhas avós, às avós do meu filho e a todas as mulheres que tem a doce experiência de serem avós. Acredito que no âmbito familiar poucas coisas são tão saudáveis quanto o estar na casa da vovó, desfutar de sua companhia, de seus quitutes e fazer descobertas diárias sobre o mistério que envolve a distãncia entre as coisas do tempo da vovó e a nossa vida cotidiana, principalmente quando somos crianças.

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quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Dia chuvoso no quintal da vovó




Choveu a noite toda. Gosto de dormir ouvindo o barulho da chuva. Estamos em férias e vamos passar um bom tempo por aqui. Vovó fica tão contente com a casa cheia de netos que até deixou-nos fazer uma escala para organizar melhor o dia de cada dormir no quarto dela. Tem muitos quartos por aqui, mas dormir no quarto da vovó é mais gostoso ... Essa noite foi a minha vez. Dormi muito bem, mas acordei primeiro do que meus irmãos e meus primos. Senti vontade de bater o sino e acordar todos eles, se não fosse o olhar de reprovação que certamente vovó faria para mim, teria feito isso. Não gosto de ficar sem uma companhia para brincar. Penso que devo estar azarada.
Eu acordei tão cedo por culpa de dona Zazá. Ela veio com o dia ainda escuro bater na janela do quarto  para pedir licença à vovó e colher ervas na horta. Disse que o marido dela teve febre a noite toda e  que estava decidida a curar o homem dando-lhe um belo chá . Vovó permitiu, mas não acreditou em dona Zazá. Sabe que a doença dele se curada de manhã, volta atacá-lo à noite. Só vai parar quando ele deixar de beber cachaça. O Cardoso dono do buteco já deve estar enjoado de ver a cara dele por lá.
Depois que acordo não consigo mais ficar na cama. Troquei de roupa, fiz minha higiene habitual e fui para a cozinha. Zefa já estava coando o café. O cheiro de broa assada era tão bom que não resisti. Pedi a ela para mim servir o café antes dos outros. Foi bom encher o estômago, mais muito ruim ter que ficar sentada esperando pelos outros.
Quando todos já haviam tomado o café, vovó foi logo avisando:
- Hoje ninguém brinca lá no quintal! Está chovendo e há lama por toda parte.
Escutamos e ficamos calados. No fundo todos queriam desobedecer essa ordem, mas não tínhamos coragem. Passar a manhã brincando dentro de casa é demais! Seria ficar ouvindo o tempo todo que isso não pode, aquilo não pode ... Estávamos num clima de tristeza total.
De repente, o primo Rui debruçado na janela avista o pé de manga e diz:
- Tem manga madura lá embaixo. Quem vai lá?
Foi um silêncio geral, até que ele falou:
- Se ninguém quer ir, vou sozinho, mas não me pessam mangas.
Olhou para o corredor e não viu ninguém. Estavam todos na cozinha. Rui disparou quintal abaixo e atrás dele fomos todos nós. O barro cobria nossos calçados e respingava nas pernas. Rui foi na frente e logo subiu na mangueira todo valentão. Pegou uma manga e começou a chupar olhando pra baixo para nos fazer inveja. Não aguentamos e fomos subindo aos poucos. Algumas meninas, inclusive eu, escorregamos e caímos daqueles galhos molhados e cheios de lodo. Toninho e Mandu  ficaram com pena e mandaram lá do alto algumas mangas para nós. E assim, de uma mangueira fomos passando para outra, o pomar da vovó tem muitas variedades de mangas, alguns pés com mais de vinte anos, enormes e cheios de galhos.
O tempo passou e só descobrimos isso quando Zefa tocou o sino avisando que o almoço estava pronto. Ela faz isso todo dia para chamar os que estam no curral e na horta.
Levamos um susto! E agora o que iríamos fazer? Mais uma vez todos calados olhamos uns para os outros e saímos correndo em direção à varanda da cozinha. Lá, de pé e com um cara de quem não estava gostando do que viu, vovó Teteca falou:
- Não quero netos sujos sentados à mesa para o almoço!
Tratamos logo de nos lavar e trocar a roupa para saborear aquele belo almoço. 

2 comentários:

Tina disse...

Me vi em um dia de chuva na casa de minha avó, só que ela não se importava, brincávamos no barro, e era muito bom...depois tínhamos que nos lavar na bica do monjolo...na casa da minha avó, não tinha banheiro rsrsrsrsrsrsrsrs
Tomávamos banho de bacia rsrsrsrsmas era muito bom
beijinho
Tina (MEU CANTINHO NA ROÇA)

Leci Irene disse...

Na casa da minha avó, em dias de chuva, a gente ia para o galpão, onde eram gaurdadas as ferramentas e algum produto em estoque, com o milho...